Há quase três semanas, David Carr noticiou no “New York Times” o corte nos dias publicados e na redação do “Times-Picayune”, jornal de 175 anos de Nova Orleans, primeiro no blog, depois no jornal e por fim na coluna “The Media Equation” _com a análise de que outros diários regionais já haviam feito o mesmo, mas o caso do “T-P” é singular, pelo elo romântico com a cidade.
Desde então, a cobertura de mídia nos EUA entrou em coro de “estágio final“. Jack Shafer, no blog da Reuters, lembrou que três anos atrás os dois jornais de Detroit, o “Free Press” e “News”, já haviam cortado para três edições por semana, como decidiu agora o “T-P”, mas também ele se somou ao coro, sob o enunciado “A grande liquidação de jornais”.
No “NYT” de hoje, Carr acrescentou mais um prego, escrevendo sobre o “U-T San Diego”, antes conhecido como “The San Diego Union-Tribune”. O jornal segue de pé, mas foi comprado por um empreiteiro do Sul da Califórnia, que o transformou em um “púlpito para negócios“, lançando campanha por um estádio e demitindo o colunista de esportes que ousou levantar dúvidas sobre o projeto. Em suma, diz o colunista do “NYT”:
Existe uma preocupação crescente de que o valor declinante e os modelos fracassados de negócios de muitos jornais americanos poderiam levar a uma situação em que os interesses endinheirados comprem jornais e os usem para promover uma agenda política e comercial.
De quebra, hoje à tarde, começou a demissão de um terço, segundo o blog de Jim Romenesko, ou metade, segundo a Associated Press, da redação do “Times-Picayune”.
Já começa a ser esquecido o motivo principal do fiasco na abertura de capital do Facebook, sua baixa perspectiva de publicidade.
A consultoria PwC soltou relatório sobre a publicidade on-line no primeiro trimestre nos EUA, dizendo que a receita cresceu 15% em relação ao mesmo período de 2011, para US$ 8,4 bilhões. O levantamento é financiado e divulgado pelo Interactive Advertising Bureau (IAB), que reúne corporações de tecnologia (Microsoft, Facebook, Google) e conteúdo (NBC, “New York Times”, Disney). Para a PwC, em destaque no TNW, é “um marco”:
No Brasil, segundo o Projeto Inter-Meios, do “Meio & Mensagem”, a publicidade on-line cresceu 24,9% no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2011. Também cresceram os investimentos publicitários em TV aberta (16,1%) e jornal (5,6%), que têm as maiores fatias do bolo, 65,4% e 11,9%, respectivamente.
O “Financial Times” noticia o relatório anual da PwC para mídia e entretenimento, que proclama “o fim do início digital“. Agora “mídia e entretenimento se tornam mais centrais para as empresas e para a vida das pessoas, o que acontece sobretudo via tablets e smartphones”. O resultado é que o crescimento global do setor será contido nos próximos cinco anos, principalmente na Europa e nos EUA, devido à “relutância do consumidor em pagar por mídia digital a mesma coisa que paga por produtos físicos, como notíciário, livro e música”. Porém:
A China e o Brasil devem registrar o crescimento mais rápido, com mais de US$ 25 bilhões em gastos com mídia e entretenimento nos próximos cinco anos, com aumentos anuais de 12% e 10,6%, respectivamente.
O “China Daily” noticia hoje, do Rio, que as subsidiárias brasileiras de China Telecom e China Communications Services “juntaram as mãos para expandir operações no Brasil”, estabelecendo sede em São Paulo. O presidente da China Telecom Americas já havia adiantado o investimento em entrevista ao mesmo “CD“, duas semanas atrás.
O “CD” de hoje também entrevista o presidente da Câmara, Marco Maia, sob o título “China é bem-vinda para investir no Brasil“. Maia, que se encontrou com o primeiro-ministro Wen Jiabao, disse ter ouvido dele que o comércio bilateral deve ultrapassar US$ 100 bilhões neste anos. Defendeu uma taxa de crescimento anual de 20% a 25%, no comércio.
Também a Canon, que produz câmeras digitais, em uma “muito necessária boa notícia para a cena industrial do Brasil”, segundo o “FT”, anunciou que vai construir fábrica no país. A empresa japonesa argumenta que os emergentes “lideram” o crescimento no setor:
Abrindo o dia, o site do “Wall Street Journal” anota que as “ações brasileiras começam em alta com dados mais positivos da China”, porém “continuam voláteis”.
O site e semanário “Politico”, de Washington, passou a última semana destacando as críticasrepublicanas às reportagens do “New York Times” sobre o uso de drones e ataques cibernéticos pelos militares, sob Barack Obama. Seriam vazamentos da própria Casa Branca, visando melhorar a imagem do presidente, em campanha eleitoral.
O “NYT” nega e vai manter sua cobertura de “um dos mais significativos desenvolvimentos em defesa nacional” em décadas. E hoje informa que, ao fundo, o “Politico” decidiu “ampliar seu serviço de assinatura para noticiário econômico e militar, que é muito comprado por lobistas”, e também investir em sua edição para Nova York.
No fim de semana, o mesmo “Político” produziu a longa reportagem “A vantagem de Obama nos dados”, sobre a operação digital da campanha democrata à reeleição, sediada em Chicago, onde “mais de 150 ‘techies’ vêm silenciosamente descascando as camadas da sua vida”, no caso, a vida do eleitor. Ecoou de imediato na manchete do pró-republicano Drudge Report.
Na manchete de papel do “China Daily” e na manchete on-line do “New York Times” nesta manhã, a China registrou recuperaçãonas exportações em maio, sobretudo aos EUA, mas também à União Europeia e ao Japão. Como anota a agência estatal Xinhua, também o comércio com o Brasil e a Rússia cresceu. E os empréstimos bancários reagiram em maio, anota o “NYT”, com Reuters, “o que sugere que os projetos de infraestrutra estão criando demanda por crédito”, com as medidas chinesas de estímulo.
No final da semana, o “CD” destacou em longa reportagem que, “com a demanda por alimentos subindo na China, as empresas do país estão elevando investimentos em países ricos em recursos naturais como o Brasil”. Daí por que “o envio de soja do Brasil vai aumentar neste ano”, segundo a empresa Chongqing, que agora tem produção na Bahia. Já a Associação Americana de Soja espera menor importação chinesa, em parte devido às compras no Brasil.
O jornal estatal também noticia “mudanças sísmicas” na indústria chinesa de equipamento pesado, com a compra de empresas europeias e a exploração de novos mercados como o Brasil, hoje importante para Sany e Sunward.
Por outro lado, “Índia pode ser primeiro Bric a perdeu grau de investimento”, anuncia a agência de classificação Standard & Poor’s no relatório “Índia será o primeiro anjo caído Bric?“.
Já o professor indiano M. D. Nalapat, da Universidade Manipal, questiona no artigo “Remédios ocidentais são tóxicos para economias asiáticas”, no “CD”, as propostas econômicas defendidas por instituições como o FMI, “controlado pela Europa Ocidental em parceria com os EUA”.
Na edição de domingo, com a foto acima, de Maurício Lima, o “New York Times” voltou a focar o Brasil “às vésperas da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável da ONU”, a Rio+20, agora com uma longa reportagem sobre o assassinato de índios guarani na região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, além da persistente “epidemia de suicídios”. Ecoa ser “talvez a maior tragédia indígena no mundo“.
Por outro lado, o Huffington Post posta artigo da ambientalista Lisa Kaas Boyle sobre a “grande campanha” para levar o presidente dos EUA, Barack Obama, à Rio+20. No título, “Ambientalistas para Obama: Nada é mais importante na Terra do que a cúpula“. Entre as 22 organizações, assinam a carta o Natural Resources Defense Council, o Union of Concerned Scientists e o Greenpeace, mas não o WWF.
Em longa reportagem ilustrada por Lula em Dar Es Salaam, a CNN noticiou no final da semana que “o Brasil intensificou seus esforços” na África, onde “compete com a China”. A decisão de seu “principal banco de investimentos”, o BTG Pactual, de reunir US$ 1 bilhão para aplicar no continente “representa um ponto de mudança, reconhecendo que a África é a última fronteira para o crescimento“, diz um diretor do think tank sul-africano Gordon Institute for Business Science. Acrescenta um pesquisador do think tank britânico Chatham House:
O Brasil tem operado fora do radar, não é visto como esse tipo de ator [China]. As histórias do Brasil com a África têm sido menos contenciosas _você ouve histórias da Zâmbia, sobre mineiros sendo maltratados por seus patrões chineses, mas você não ouve de Moçambique e Angola quando se trata de empresas brasileiras.
Para uma pesquisadora do think tank Instituto Alemão para Estudos Globais e Regionais, “sendo ele próprio um país rico em recursos naturais e um futuro grande exportador de petróleo, o Brasil não está atrás de uma estratégia para assegurar recursos”. Vê a África como “uma maneira de diversificar seus mercados de exportação, para alimentos, sementes, maquinário agrícola, e de internacionalizar a produção de suas grandes empresas, Petrobras e Vale”.
De sua parte, o site da Al Jazeera posta hoje longa análise de Nikolas Kozloff sobre o papel do Brasil na África, tanto econômica como militarmente, desde a prioridade dada ao continente por Lula. Alerta contra o alinhamento militar de EUA e Brasil no continente, defendido por Washington.
Já a BBC Brasil reporta que um novo comercial da campanha presidencial de Ahmed Shafik, para o segundo turno do próximo fim de semana no Egito, toma Lula como modelo, a exemplo do que fizeram antes os candidatos vitoriosos de Colômbia e Peru, entre outros. Da locução:
Mohamed Amim, o talentoso escritor, escreveu que o presidente brasileiro Da Silva transformou o Brasil de forma significativa, ganhando o respeito do mundo inteiro e conduzindo a economia a níveis impressionantes… Apesar de Da Silva ser um simples trabalhador que engraxava sapatos, seu povo acreditou nele e deu a ele sua confiança porque sua competência era conhecida. Eles não o chamaram de traidor ou o xingaram. Eles não falaram de seu nível educacional ou de seu passado.
O britânico “Guardian” publica hoje editorial em que defende maior “engajamento” com o Brasil, destacando que “ascendeu com a China”, vai sediar Rio+20, Copa e Jogos _e “tem algo que você pode procurar em vão ao redor do mundo: liderança sustentada”. Lista FHC, “o sociólogo-homem de estado que trouxe a economia sob controle”, Lula, “a melhor reencarnação de Franklin Roosevelt”, e, “saindo de sua sombra como uma reformista pragmática, Dilma Rousseff”.
Já o “Financial Times” aposta em editorial no “retorno ao espírito liberal do passado” representado pelo grupo “do Pacífico”, formado por México, Colômbia, Peru e Chile, em “forte contraste” com as economias “mais protecionistas e lentas” de Brasil e Argentina:
Potencialmente, também estabelece um contrapeso regional ao Brasil.
O Ibope começou a medir a audiência do Fox Sports um mês atrás, depois que o canal foi aceito por Net e Sky, operadoras de TV paga associadas à Globo. Segundo os dados da primeira quinzena, ele foi o segundo canal para os homens entre 18 e 49 anos, ainda atrás do SporTV, da Globo. Mas duas de suas transmissões já foram líderes de audiência na faixa masculina, com os jogos da Libertadores superando as atrações do SporTV.
E a Fox continua. Seu vice de programação diz ao site Tela Viva que o conteúdo nacional dos canais (Fox Sports, Fox, FX, National Geographic, Fox Life, Bem Simples) deve chegar a mil horas em 2014, “sempre com produtores independentes“. Neste ano entram no ar, entre outros, o reality show de Rafinha Bastos e a série “Contos de Edgar”, da O2 Filmes de Fernando Meirelles, ambos no FX; a série “360”, também da O2, no NatGeo; a série “Se Eu Fosse Você”, da Total Filmes, no Fox; e a franquia nacional do reality show “Man vs. Food”, no Fox Life.
“Variety” e “Hollywood Reporter” acrescentam que Fox e Warner criaram “operação conjunta” no Brasil, para distribuir filmes mas também “desenvolver novos projetos no território de rápido crescimento”, onde já emplacaram produções locais de grande bilheteria, como “Se Eu Fosse Você” (Fox) e “A Mulher Invisível” (Warner).
Já o canal Universal, da Globosat, associada aos estúdios Universal e Paramount, “encontrou uma fórmula para atender às cotas” nacionais determinadas pela nova legislação de TV paga.
Segundo um diretor, “estão sendo feitos investimentos em programetes e interprogramas com o tema dos bastidores do cinema”, pois ” tudo que não queremos é um ‘Law & Order’ brasileiro”, de alto custo. Como “a ideia é que a programação não concorresse com os canais da Globosat, a saída foi desenvolver conteúdo divertido sobre os bastidores do cinema”.
O blog volta a ser atualizado regularmente na segunda.