- RSSAssinar o Feed do blog
- Emailnelsonsa@uol.com.br
- Twitter@Blog_Toda_Midia
Nelson de Sá
Toda Mídia
Perfil Nelson de Sá é articulista da Folha de S.Paulo
Perfil completo"Comunidade internacional vai ter de aprender a não realizar conferência em ano de eleição americana"
19/06/12 12:31O “New York Times” publica à página A7 que a “Economia global limita expectativas na cúpula da Terra no Brasil”. O correspondente Simon Romero justifica, logo de cara:
Embora mais de cem chefes de estado e governo estejam planejando comparecer, o presidente Obama, o primeiro-ministro David Cameron e a chanceler Angela Merkel estão se mantendo fora, preocupados por políticas internas e pelo tumulto financeiro. Como resultado, embora diplomatas negociem febrilmente um documento detalhando os objetivos do encontro, há poucas expectativas de ação concreta.
Na verdade, só importa a ausência de Obama, da nação mais poluidora do mundo. O “NYT” fecha o texto ouvindo de William Reilly, que chefiou sua delegação na Rio 92:
A comunidade internacional vai ter de aprender a jamais realizar uma conferência global durante um ano de eleição presidencial americana.
Com reportagens perdidas em páginas internas e sufocando o assunto até nos blogs Green e Dot Earth, o “NYT” esconde os artigos opinativos sobre a Rio+20 em seu site ou no título europeu, “International Herald Tribune”. Um deles garante que o “Rio não está de todo perdido” e destaca que uma suposta “revolução solar e de vento está começando” na Europa e nos EUA. Outro aponta o risco, pouco lembrado, da “acidificação oceânica“.
Antes tão engajado, o britânico “Guardian” não fica atrás, não só justificando a posição britânica contra o financiamento das ações ambientais pelos países ricos, que “não existem mais“, mas concentrando ataques no Brasil, pela suposta morte de “um ativista por semana” na Amazônia e pelas “táticas pesadas” dos negociadores brasileiros.
Por outro lado, o estatal “China Daily” dá manchete on-line neste momento para a viagem do primeiro-ministro Wen Jiabao ao Rio, onde vai defender a “economia verde” com seis propostas, e cobre as negociações passo a passo.
Richard Rothkopf, publisher da “Foreign Policy”, perdeu a paciência com Obama:
Vejam as baixas esperanças de progresso no G20 e o espetáculo desconcertante na Rio+20, onde estou agora, um evento que deve ser tanto o maior como o menos consequente na história das Nações Unidas. Este certamente aparenta ser um momento G-Zero, para emprestar a expressão de Ian Bremmer. Não é tanto que estamos num mundo G-Zero e sim que os nossos líderes são uns zeros… Outro sinal do problema é que os encontros da ONU aqui no Brasil vão reunir 50 mil pessoas e mais de cem chefes de estado, mas muitos dos mais importantes estarão faltando _inclusive Obama. Os líderes de hoje, por sua inação e seus passos em falso, podem inadvertidamente estar fazendo mais para assegurar a cooperação entre seus sucessores do que eles fizeram quando pareciam se importar sobre tais assuntos, no início de suas carreiras.
Os Brics se movem
19/06/12 10:35Foi o ministro Guido Mantega o primeiro a confirmar a contribuição dos Brics ao FMI, na Bloomberg. A Reuters entrou em seguida com o comunicado conjunto de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e, depois, com o enunciado mais adequado, “China confirma esforço para caixa de guerra maior do FMI”. Daí para a estatal France Presse e para as reportagens publicadas por “Wall Street Journal” e do “China Daily“.
Mais significativamente, na manchete do jornal estatal chinês, abrindo foto da presidente Dilma Rousseff com os demais líderes emergentes, “Brics estudam fundo de reserva“. No enunciado do “Financial Times”, “Brics criarão rede de segurança financeira”. Também no “WSJ” e no “Valor“. Segundo o “CD”, “as contribuições a esse fundo de reserva ‘virtual’, como colocou o ministro das finanças do Brasil, Guido Mantega, seriam vinculadas ao tamanho das reservas cambiais de cada membro Bric”. Ao fundo, o chinês “Global Times” noticiou que o presidente Hu Jintao “conclama cooperação mais próxima dos Brics”.
No “New York Times”, Ian Bremmer, presidente da consultoria estratégica Eurasia, escreve com David Gordon, também da Eurasia e ex-diretor de planejamento do Departamento de Estado, sobre a “Ascensão do diferente”. Em suma, os países que ascenderam na segunda metade do século 20 “o fizeram sob a tutela dos EUA” e o espelhavam, mas agora “as potências emergentes são fundamentalmente diferentes”.
Em primeiro lugar, “são pobres”. Também “são mais variados”, citando a “autoritária e capitalista” China, o “petro-estado” da Rússia e a “mistura de lideralismo democrático e capitalismo de mercado cuidadosamente administrado” da Índia. “Até o Brasil, o facsímile mais mais próximo do modelo ocidental entre as novas potências, apoia um grande número de empresas campeãs nacionais e defende política industrial com convicção.”
Mais importante, “os diferentes ascendentes simplesmente não aceitam a legitimidade do sistema internacional liderado pelos EUA, conforme buscam maior poder dentre dele”.
Bremmer também escreve no “FT”, com argumentação semelhante, mas para sublinhar que o G20 nasceu porque “as tentativas de sustentar a economia global sem o apoio de China, Índia, Brasil, Rússia, países do Golfo e outros se tornaram impossíveis”. Porém eles “enfrentam problemas complexos em casa para aceitarem responsabilidades desnecessárias no exterior”. Ou seja, “não se devem esperar respostas substantivas do G20″.
Lua-de-mel da eleição grega dura pouco na Europa. Brics injetam dinheiro no FMI e preparam fundo
19/06/12 08:18Watergate foi um breve momento
18/06/12 14:08Na edição de hoje de Mundo, publico análise sobre os 40 anos de Watergate, escrevendo que o “Washington Post” já não é o mesmo e, em meio a cortes, prioriza “galerias de fotos”. Para Howard Kurtz, que foi crítico de mídia por três décadas no “WP”, Watergate foi “aquele breve momento em que fazer jornal foi saudado como uma profissão nobre”.
A cobertura do próprio “WP” sobre o aniversário está aqui.
Fraunhofer, modelo alemão para presença estatal em inovação, negocia atuar diretamente no Brasil
18/06/12 13:54Na edição de domingo de Mercado, publiquei entrevista com Thomas Bauernhansl, que comanda o maior instituto da Fraunhofer. A fundação alemã, responsável, entre outras, pela criação do padrão MP3 de música, é o modelo das políticas de inovação que estão sendo implantadas neste momento por EUA (NNMI) e Brasil (Embrapii). Ele relata que negocia com o governo brasileiro para atuar diretamente no Brasil, como já faz nos EUA. Na íntegra, aqui.
Na Rio+20, Brics de um lado, EUA, Europa e Japão de outro. Mídia inclusive
18/06/12 11:59A Rio+20 começa depois de amanhã e, segundo o “Times of India”, maior jornal em língua inglesa do mundo, “Crise financeira e questão de financiamento dividem o G7 e os demais”. Com a ausência dos ricos EUA, Alemanha e Reino Unido e a presença dos emergentes China, Índia e Rússia “agora está claro que a Rio+20 será um espetáculo de Brics e outros países em desenvolvimento”. Diz o delegado indiano:
Os americanos e europeus estão usando sua crise financeira como desculpa para evitar qualquer acordo sobre desenvolvimento sustentável, mas nós estamos determinados a pressionar duramente nossa posição.
Artigo no “Hindustan Times” trata com ironia as ausências de EUA e Reino Unido, sob o enunciado “Não ponha a culpa no Rio“:
É porque os velhos países ricos estão entre os mais verdes, então pouco têm a perder? Infelizmente, não. Tanto Barack Obama como David Cameron enfrentam políticas internas hostis que pintam a cúpula como perda de tempo. Nenhum dos dois quer falar que a sustentabilidade tem de estar no coração de qualquer plano de crescimento.
No estatal “China Daily”, na mesma linha, Pequim “reenfatizou que o princípio de ‘responsabilidades comuns, mas diferenciadas’ deve ser reafirmado no plano de ação da Rio+20”. Segundo o jornal, “alguns países desenvolvidos querem apagar a expressão”.
No japonês “Asahi Shimbun”, “Nações estão divididas sobre resolução”. Países desenvolvidos como o Japão cobram “todos no mesmo passo”, enquanto os países em desenvolvimento cobram que os desenvolvidos “deem apoio com financiamento e tecnologia”. Porém, justifica o jornal, “as nações desenvolvidas enfrentam restrições financeiras e têm pouca capacidade e flexibilidade para fazê-lo, no momento”.
O site do “New York Times”, que tem evitado cobrir a conferência, posta artigo do biólogo Thomas Lovejoy, do think tank ambientalista H. John Heinz III, de Washington, em que ele lamenta que “a política está tão envenenada e a mídia está tão fraturada nos EUA que pouco se menciona a Rio+20“. Lamenta especificamente a ausência de Obama e o fato de que em seu país “a ciência tem sido sistematicamente atacada”.
Em análise, o “Wall Street Journal” vai pela mesma linha, mas evitando criticar os EUA. O problema da Rio+20 seria o “timing”, por acontecer “quando as potências ocidentais se debatem para se recuperar de um dos maiores declínios de que se tem memória”.
O “Financial Times” vai além e publica hoje longa entrevista com “a fazendeira que se tornou poderosa”. O editor de América Latina, John Paul Rathbone, elogia a “visão realista” de Kátia Abreu para a questão ambiental.
Até o britânico “Guardian”, que antes priorizava a cobertura ambiental, tem evitado a Rio+20. Hoje faz longa entrevista com a secretária do meio ambiente, que justifica a ausência de Cameron e defende as “credenciais verdes” de seu governo.
México faz Brasil correr atrás, em crescimento, mas as narrativas brasileiras são poderosas
18/06/12 10:39Apresentando o G20, o “New York Times” publica hoje à página A6 que “Líderes mundiais se encontram num México que agora faz Brasil correr atrás“. Em suma, “os mexicanos olhavam com inveja conforme os brasileiros ganhavam a reputação de povo escolhido da América Latina”, mas agora, “assim como a situação muda subitamente num jogo da Copa”, a economia mexicana cresceu mais que a brasileira em 2011, 3,9% a 2,7%. O jornal contrasta o segundo dado com os “7,5% no último ano do presidente Lula”.
O “Financial Times” vai pela mesma linha, ressaltando que o presidente mexicano, Felipe Calderón, defende “abertura, não protecionismo”, diferentemente do Brasil e da Argentina. Em suma, “o México, sob o Nafta, se tornou uma potência exportadora“. O Nafta é o acordo de livre comércio com os Estados Unidos.
Por outro lado, o “NYT” ouve, de um economista do banco Morgan Stanley, que o Brasil carrega “duas narrativas poderosas: se você acredita na China, acredita no Brasil; a segunda narrativa é ‘criamos as condições para a ascensão de uma classe média'”. Já no México “a história não tem sido tão positiva, com sua sorte vinculada aos EUA e o governo engajado numa guerra com gangues de drogas”, sob pressão de Washington.
Em sua apresentação do G20, a Associated Press diz que a cúpula começa com “suspiro de alívio pela eleição grega” e anota que “os últimos meses têm sido tão ruins quanto sempre para a danificada imagem internacional do México, com corpos despejados por todo o país, cinco jornalistas mortos e um alerta de viagem para americanos tomarem cuidado com retaliação”. No sábado, Calderón, cuja candidata à sucessão deve perder a eleição presidencial daqui a duas semanas, lamentou a jornalistas:
É uma questão que infelizmente põe o México no palco mundial pelas razões erradas.
Em sua apresentação do G20, a Reuters não tratou do México e priorizou a informação de que os Brics “devem confirmar que farão novos empréstimos ao FMI, embora algumas nações emergentes estejam frustradas com o ritmo lento na obtenção de maior poder na instituição”. Segundo uma autoridade do G20, a China deve contribuir com US$ 60 bilhões, Rússia, Índia e Brasil, cada um, US$ 10 bilhões.
Em blog no “FT”, “Crescimento do Brasil enfrenta um eclipse”. Paradoxalmente, o correspondente elogia como “a presidente Dilma Rousseff mostrou contenção”, evitando o “estímulo fiscal indiscriminado acompanhado por enorme crédito estatal, que caracterizaram a resposta do presidente Lula à crise financeira de 2008-2009“.
A sombra de Lula volta a crescer e a nova “Newsweek” publica, em artigo de Mac Margolis, com a foto acima, de Gustavo Miranda, que “o filho favorito do Brasil está livre do câncer, mas ele vai concorrer?”. Descreve a entrevista de Lula a Ratinho; diz que “ninguém esperava que ele fosse pescar” depois que, “em seus oito anos como presidente, virou uma lenda viva”; e destaca que “agora Lula parece decidido a explorar seu carisma na formação da próxima geração de políticos brasileiros, escolhendo a dedo candidatos a prefeitos em São Paulo e Recife, duas das maiores cidades do Brasil, irritando seus partidários locais”.
Ao fundo, a agência estatal France Presse noticia que o novo presidente da França, François Hollande, terá um encontro com Lula durante a Rio+20, nesta semana.
Eleitores gregos escolhem partido que apoia resgate. Mercados financeiros reagem com alívio
18/06/12 08:04O amanhã nunca chega na Petrobras
15/06/12 10:38O “Wall Street Journal” noticia que a Petrobras “impulsiona investimentos” para o período 2012-2016, com “um dos maiores planos corporativos de investimento no mundo”, porém “vai produzir menos do que havia projetado anteriormente”.
No “Financial Times”, mais diretamente, “Petrobras corta metas de produção“. O jornal sublinha que, “em vez de uma perspectiva mais pessimista, alguns analistas creditam as metas menores à atitude mais realista da nova presidente, Maria das Graças Foster”.
Em sua coluna de mercado financeiro, sob o título “O amanhã nunca chega na Petrobras” [Tomorrow Never Dies at Petrobras], o “WSJ” destaca que, “apesar dos grandes passos, o Brasil ainda luta para se livrar da reputação de ser sempre o país do futuro”. No caso, com maior investimento e menor produção “a promessa de toda aquela oportunidade [do pré-sal] recua junto aos investidores”. De todo modo, lembra o jornal, “os barris estão lá“.