Murdoch separa jornais para "liberar seu potencial". "NYT" vai à China atrás da nova classe média
28/06/12 10:15O “Wall Street Journal” publica hoje que o conselho da News Corp. “aprovou por unanimidade a divisão em dois pedaços do conglomerado de mídia, separando suas lucrativas operações de entretenimento do negócio de imprensa”.
Do analista Ken Doctor, da consultoria Outsell: “Sem um corte de custos mais profundo, dada a contínua espiral de queda na publicidade impressa, a magra margem de lucro de 7% [das operações de imprensa hoje] desapareceria rapidamente na nova empresa”. E do analista Todd Juenger, do fundo Sanford C. Bernstein: “Estou perplexo por darem tanto valor, do dia para a noite, para a empresa de entretenimento. Muitos investidores pensam estar separando ativos de alto, maravilhoso crescimento, mas eles também incluirão negócios que não são”.
Em contraste com a cobertura crítica de seu jornal, Rupert Murdoch enviou comunicado aos funcionários, dizendo que foram “o tamanho e o alcance” da News que criaram a “oportunidade”:
Nossos negócios de imprensa são exageradamente subvalorizados pelos céticos. Através desta transformação vamos liberar seu verdadeiro potencial e seremos capaz de articular melhor o verdadeiro valor que representam para os acionistas. Nosso objetivo é criar a mais ambiciosa, capitalizada e altamente motivada empresa de publicação no mundo, consistindo da maior coleção de nossas marcas noticiosas.
Ele será presidente (chairman) das duas novas empresas, mas será o presidente executivo (CEO, chief executive officer) apenas da empresa de entretenimento. O presidente executivo da unidade de imprensa será um nome “interno”, avisou Murdoch, talvez seu filho Lachlan.
No anúncio ao vivo, coberto por toda parte, Murdoch acrescentou que a divisão “não é de jeito nenhum uma reação ao Reino Unido“, onde enfrenta obstáculos à compra da operadora de TV paga BSkyB e enfrenta o rescaldo do escândos dos grampos no “News of the World”.
Enquanto Rupert Murdoch tenta tornar o limão da crise na imprensa americana em limonada, o “New York Times” abriu hoje seu site em chinês, confirmando a notícia dada ontem pelo Tech in Asia, a partir da abertura de uma conta pelo “NYT” no Weibo, o Twitter chinês. Segundo o blog Media Decoder, do próprio “NYT”, o novo site “visa atrair leitores da crescente classe média do país, o que o release do ‘NYT’ chama de ‘cidadãos globais educados e afluentes'”. O servidor foi estabelecido fora da China. Explica o editor de internacional do jornal, Joseph Kahn:
Não estamos adaptando o site às demandas do governo chinês, portanto, não estamos operando como uma empresa chinesa de mídia. A China opera um muro de contenção muito vigoroso. Não temos controle sobre isso. Esperamos que as autoridades chinesas recebam bem o que estamos fazendo.
Antes do “NYT”, já haviam estabelecido sites em chinês o “Wall Street Journal“, este também com site em português, e o “Financial Times“: