"New York Times" vê pobreza diminuir no Nordeste, porém ataca "intervenção governamental"
22/06/12 11:58O “New York Times” publica hoje na primeira página a longa reportagem “Com crescimento em maré baixa, Brasil aciona suas escavadeiras”. Na continuação em página interna, destaca a foto acima, aparentemente da transposição do rio São Francisco, feita por Tomas Munita. Abrindo o texto de Simon Romero, enviado de Ipojuca, em Pernambuco:
Mais de 40 mil trabalhadores enxameiam o complexo portuário aqui no Nordeste, construindo uma refinaria para a estatal de petróleo. Outros 5 mil labutam num estaleiro, outro projeto liderado pelo governo. Os preços residenciais estão subindo e o desemprego está caindo nesta região que já foi conhecida por sua purulenta pobreza. Numa mostra do peso que o governo maneja em quase todas as áreas importantes da economia, a presidente Dilma Rousseff está acelerando uma lista de projetos de estímulo ao redor do país visando atenuar uma desaceleração que reduziu o crescimento a um passo de lesma.
O correspondente compara a política econômica brasileira à chinesa, “liderada pelo estado”, e destaca “especialistas” contra a “intervenção governamental”. Ouve Sergio Lazzarini, da Insper, falar contra “projetos faraônicos” e ecoa editorial da “Exame”, que publicou capa contra Dilma.
Em post de Taylor Barnes no blog Green, o jornal segue na mesma linha e ataca a hidrelétrica de Belo Monte e o financiamento de Petrobras, Eletrobrás e Vale a eventos da Rio+20.
Por outro lado, o colunista Roger Cohen publica hoje que “o mundo parece diferente, olhando da África do Sul”, uma economia “onde o possível ainda abunda” como no Brasil:
O Ocidente está engajado num grande exercício de pagar as contas, por quatro circunstâncias em que errou o alvo:
A primeira foi financiar e apoiar os militantes islâmicos, para derrotarem os soviéticos no Afeganistão, e depois virar os olhos para não ver quando os bravos guerreiros das montanhas se metamorfosearam em jihadistas antiocidentais.
A segunda foi tomar a decisão política de amarrar uma Alemanha unificada ao resto da Europa através de uma moeda comum e, romanceando o esquema glorioso, imaginar que só porque um pequeno país mediterrâneo foi certa feita o berço da democracia europeia ele poderia viver sob as mesmas regras da Deutschland Inc.
A terceira foi tomar uma guerra pós-11/9 já quase vencida no Afeganistão e, aumentando a aposta e invadindo o Iraque, torná-la invencível.
A quarta foi sucumbir à enchente de dinheiro barato e criar instrumentos financeiros cada vez mais extravagantes para mascarar a firme mudança dos empregos, das oportunidades, do crescimento para lugares como China, Índia, Brasil e África do Sul.
Sobre a Rio+20, o Council on Foreign Relations, de Nova York, o think tank mais influente na política externa americana, destaca hoje a avaliação de que “há uma tremenda fadiga e, na verdade, não há consenso sobre essas questões amplas, sistêmicas, e sobre como responsabilidades e custos devem ser divididos entre as grandes potências”. Ou seja, a “fadiga” do tema vem da resistência dos EUA e da Europa em pagar a conta. E tem o problema da “desatenção de ano eleitoral“, acrescenta o CFR.
o São Francisco vae alimentar o Piranhas Açu, piranhas grande ; céu e terra juntos.