Brasil e China fecham acordo cambial e transformam relação em "ampla parceria estratégica"
22/06/12 09:58O “China Daily”, em sua edição americana, dá manchete para o acordo cambial assinado por Dilma Rousseff e Wen Jiabao, na foto de Roberto Stuckert distribuída pela AP. O acordo “eleva as relações entre as duas maiores economias emergentes a uma ampla parceria estratégica“. No também chinês “Global Times”, com Xinhua, “China e Brasil elevam laços para ampla parceria estratégica“.
O ministro Guido Mantega, segundo o “CD”, descreve como “o primeiro passo para um acordo maior com Rússia, Índia e África do Sul, permitindo que os membros do grupo Brics de mercados emergentes reúnam recursos como uma muralha contra crises financeiras externas às suas fronteiras”. Após reunião de uma hora e meia, Dilma e Wen fecharam acordos envolvendo maior venda e fabricação da Embraer na China e o lançamento de dois satélites de atmosfera, entre outros.
Também no “CD”, artigo de Giles Chance, professor visitante da Universidade de Pequim, avalia a cúpula do G20 e diz que “os dias de domínio dos EUA acabaram“, agora que “pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra a solução de uma grande crise financeira global não vai acontecer porque o dinheiro dos EUA sustentou uma saída financeira”. Afirma que “a pergunta agora é: quanto tempo vai demorar para a China e os outros Brics (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul) representarem o papel dominante no palco internacional?”. Mais precisamente, no FMI, onde “o Ocidente antes dominante, agora financeiramente fraco, continua aferrado ao controle”.
No destaque de sua edição chinesa, o “CD” publica que o documento final da Rio+20, negociado pelo Brasil, reafirma “o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, o que “reflete os esforços dos países em desenvolvimento“, em oposição aos EUA. O texto também sublinha o encontro no Rio de Wen Jiabao com o colega indiano Manmohan Singh, que teria declarado não aceitar “atividades antichinesas” em seu território nem participar de “qualquer ação para conter ou cercar a China”, também em referência aos EUA.
Em Nova York, o “Wall Street Journal” publica que o acordo cambial de US$ 30 bilhões é “parte de um acordo comercial amplo entre as duas potências emergentes”, de dez anos, que “objetiva expandir investimentos recíprocos e estimular exportações de manufaturados brasileiros para a China”. Ecoa, de Mantega, que os dois países estão ampliando “uma relação privilegiada”. O site MarketWatch sublinha que o acordo cria “um pára-choque financeiro contra um congelamento dos mercados globais”. A agência Dow Jones acrescenta que abrange ainda um acordo bilateral de supervisão bancária. Também na Bloomberg.
Em Londres, o “Financial Times” publica que o acordo é “um voto de confiança do Brasil nos esforços da China para promover o renminbi [ou yuan, o dinheiro chinês] como moeda de reserva”. Além do acordo de troca cambial entre os dois bancos centrais, envolve Embraer, uma joint venture entre a montadora de ônibus Marcopolo e a chinesa SG, intercâmbio de estudantes e cultural etc. Também por “Guardian“, BBC, Reuters.
Tomara que este seja o pontapé inicial para o fim da hegemonia de USA e UE.