Dilma aposta tudo em uma revolução silenciosa: queda histórica nas taxas de juros
20/06/12 12:47Do “Financial Times”, abrindo reportagem do correspondente Joe Leahy sobre as oportunidades de negócios abertas com a queda nos juros:
No Brasil, uma revolução silenciosa vem acontecendo ao longo da última década _uma gradual queda nas taxas de juros. Da altura de 26% em 2003, a taxa básica Selic, do Banco Central, no final de maio havia caído para um nível baixo recorde de 8,5%, e se espera declínio ainda maior nos próximos meses.
E da Reuters, em longa análise do correspondente Brian Winter:
Dilma Rousseff está apostando sua presidência em alcançar um declínio “histórico” nas taxas, acreditando que é a melhor estratégia para despertar a economia no médio prazo. Sua decisão de baixar as taxas, em vez de inundar a economia com gastos do governo, pode ajudar o Brasil a retornar ao ritmo robusto de crescimento dos últimos anos. Mas também pode condenar o país a outro desempenho inferior em 2012 e sair pela culatra na forma de inflação alta. Apesar dos perigos potenciais, o benefício de juros menores pode ajudar a enfrentar muitos dos gargalos econômicos que hoje seguram o Brasil.
A “Foreign Policy” pergunta, na home: “Não é hora de começar a chamar o Brasil de país rico?“. O enunciado do longo artigo de Charles Kenny, do think tank New America Foundation, de Washington, publicado na edição de julho/agosto da revista, é afirmativo:
Chegou a hora de parar de chamar países como Brasil e China de “em desenvolvimento”. Eles são simplesmente ricos.
Kenny anota que caiu o número de países de “renda baixa” nos últimos dez anos (63 para 35), na classificação do Banco Mundial, mas concentra seu argumento nos gastos com ajuda externa e em dados sociais como expectativa de vida e escolaridade, comparando estatísticas de hoje com meio século atrás. Conclui que “parece justo cobrar deles”, citando Brasil, China e Rússia, “que comecem a agir como ricos ou pelo menos como os ricos dos anos 60”.
No título do despacho da Associated Press sobre a cúpula, hoje por “New York Times” e outros, “Países em desenvolvimento vão ao resgate no G20”. Abrindo o texto:
A cena do recém-concluído encontro seria impensável uma década atrás: dezenas de dignatários reunidos para elaborar um resgate para a Europa. Enquanto isso, os líderes de Brasil e China entraram com dezenas de bilhões de dólares para o FMI resgatar as abatidas Espanha e Grécia. Embora a reunião não tenha produzido uma solução para a doente zona do euro, ela delineou o novo equilíbrio de poder no mundo. Os países em desenvolvimento projetaram otimismo e riqueza sobre os dois dias de cúpula, enquanto líderes europeus e dos EUA se debatiam só para se manterem solventes.
Ouve um diretor do think tank Carnegie, um professor da Universidade de Maryland e a correspondente Heloisa Castro, da Record, que relativiza dizendo que, “se as economias na Europa e nos EUA caírem, todos sofreremos, não podemos viver só nos Brics”.