"Comunidade internacional vai ter de aprender a não realizar conferência em ano de eleição americana"
19/06/12 12:31O “New York Times” publica à página A7 que a “Economia global limita expectativas na cúpula da Terra no Brasil”. O correspondente Simon Romero justifica, logo de cara:
Embora mais de cem chefes de estado e governo estejam planejando comparecer, o presidente Obama, o primeiro-ministro David Cameron e a chanceler Angela Merkel estão se mantendo fora, preocupados por políticas internas e pelo tumulto financeiro. Como resultado, embora diplomatas negociem febrilmente um documento detalhando os objetivos do encontro, há poucas expectativas de ação concreta.
Na verdade, só importa a ausência de Obama, da nação mais poluidora do mundo. O “NYT” fecha o texto ouvindo de William Reilly, que chefiou sua delegação na Rio 92:
A comunidade internacional vai ter de aprender a jamais realizar uma conferência global durante um ano de eleição presidencial americana.
Com reportagens perdidas em páginas internas e sufocando o assunto até nos blogs Green e Dot Earth, o “NYT” esconde os artigos opinativos sobre a Rio+20 em seu site ou no título europeu, “International Herald Tribune”. Um deles garante que o “Rio não está de todo perdido” e destaca que uma suposta “revolução solar e de vento está começando” na Europa e nos EUA. Outro aponta o risco, pouco lembrado, da “acidificação oceânica“.
Antes tão engajado, o britânico “Guardian” não fica atrás, não só justificando a posição britânica contra o financiamento das ações ambientais pelos países ricos, que “não existem mais“, mas concentrando ataques no Brasil, pela suposta morte de “um ativista por semana” na Amazônia e pelas “táticas pesadas” dos negociadores brasileiros.
Por outro lado, o estatal “China Daily” dá manchete on-line neste momento para a viagem do primeiro-ministro Wen Jiabao ao Rio, onde vai defender a “economia verde” com seis propostas, e cobre as negociações passo a passo.
Richard Rothkopf, publisher da “Foreign Policy”, perdeu a paciência com Obama:
Vejam as baixas esperanças de progresso no G20 e o espetáculo desconcertante na Rio+20, onde estou agora, um evento que deve ser tanto o maior como o menos consequente na história das Nações Unidas. Este certamente aparenta ser um momento G-Zero, para emprestar a expressão de Ian Bremmer. Não é tanto que estamos num mundo G-Zero e sim que os nossos líderes são uns zeros… Outro sinal do problema é que os encontros da ONU aqui no Brasil vão reunir 50 mil pessoas e mais de cem chefes de estado, mas muitos dos mais importantes estarão faltando _inclusive Obama. Os líderes de hoje, por sua inação e seus passos em falso, podem inadvertidamente estar fazendo mais para assegurar a cooperação entre seus sucessores do que eles fizeram quando pareciam se importar sobre tais assuntos, no início de suas carreiras.