Brasil intensifica disputa pela África, atrás de mercado _e de internacionalizar Petrobras e Vale
11/06/12 10:53Em longa reportagem ilustrada por Lula em Dar Es Salaam, a CNN noticiou no final da semana que “o Brasil intensificou seus esforços” na África, onde “compete com a China”. A decisão de seu “principal banco de investimentos”, o BTG Pactual, de reunir US$ 1 bilhão para aplicar no continente “representa um ponto de mudança, reconhecendo que a África é a última fronteira para o crescimento“, diz um diretor do think tank sul-africano Gordon Institute for Business Science. Acrescenta um pesquisador do think tank britânico Chatham House:
O Brasil tem operado fora do radar, não é visto como esse tipo de ator [China]. As histórias do Brasil com a África têm sido menos contenciosas _você ouve histórias da Zâmbia, sobre mineiros sendo maltratados por seus patrões chineses, mas você não ouve de Moçambique e Angola quando se trata de empresas brasileiras.
Para uma pesquisadora do think tank Instituto Alemão para Estudos Globais e Regionais, “sendo ele próprio um país rico em recursos naturais e um futuro grande exportador de petróleo, o Brasil não está atrás de uma estratégia para assegurar recursos”. Vê a África como “uma maneira de diversificar seus mercados de exportação, para alimentos, sementes, maquinário agrícola, e de internacionalizar a produção de suas grandes empresas, Petrobras e Vale”.
De sua parte, o site da Al Jazeera posta hoje longa análise de Nikolas Kozloff sobre o papel do Brasil na África, tanto econômica como militarmente, desde a prioridade dada ao continente por Lula. Alerta contra o alinhamento militar de EUA e Brasil no continente, defendido por Washington.
Já a BBC Brasil reporta que um novo comercial da campanha presidencial de Ahmed Shafik, para o segundo turno do próximo fim de semana no Egito, toma Lula como modelo, a exemplo do que fizeram antes os candidatos vitoriosos de Colômbia e Peru, entre outros. Da locução:
Mohamed Amim, o talentoso escritor, escreveu que o presidente brasileiro Da Silva transformou o Brasil de forma significativa, ganhando o respeito do mundo inteiro e conduzindo a economia a níveis impressionantes… Apesar de Da Silva ser um simples trabalhador que engraxava sapatos, seu povo acreditou nele e deu a ele sua confiança porque sua competência era conhecida. Eles não o chamaram de traidor ou o xingaram. Eles não falaram de seu nível educacional ou de seu passado.
O britânico “Guardian” publica hoje editorial em que defende maior “engajamento” com o Brasil, destacando que “ascendeu com a China”, vai sediar Rio+20, Copa e Jogos _e “tem algo que você pode procurar em vão ao redor do mundo: liderança sustentada”. Lista FHC, “o sociólogo-homem de estado que trouxe a economia sob controle”, Lula, “a melhor reencarnação de Franklin Roosevelt”, e, “saindo de sua sombra como uma reformista pragmática, Dilma Rousseff”.
Diz que “o desafio de Ms. Rousseff é destravar a produtividade e estabelecer uma economia mais avançada“, com investimentos em infraestrutura e educação. O jornal defende uma cadeira para o país no Conselho de Segurança da ONU e proclama que “é hora de o Ocidente _e o resto_ abraçar a ascensão do Brasil mais ativamente”.
Já o “Financial Times” aposta em editorial no “retorno ao espírito liberal do passado” representado pelo grupo “do Pacífico”, formado por México, Colômbia, Peru e Chile, em “forte contraste” com as economias “mais protecionistas e lentas” de Brasil e Argentina:
Potencialmente, também estabelece um contrapeso regional ao Brasil.