Na reação aos Brics, agora é a vez do Brasil
18/05/12 10:01Ecoando a capa da última “Bloomberg BusinessWeek“, a nova “Economist” aborda “A reação ao Brasil” (The Brazil backlash), com editorial e reportagem. Depois das reações aos outros Brics, por motivos como burocracia e desaquecimento, “agora é a vez do Brasil”, com “muito se falando das ameaças a executivos da Chevron, companhia americana de petróleo”, feitas “por um procurador”; da “dependência de commodities”; da redução no crescimento:
O Brasil merece a reação? Muitas das críticas são fora de lugar ou imprecisas. O desemprego está baixo, os salários estão subindo e o investimento estrangeiro direto está entrando aos montes (US$ 67 bilhões em 2011, um recorde). A maioria dos economistas calcula que o Brasil pode continuar a crescer em torno de 3,5% sem provocar inflação. Muitos países adorariam ter as fazendas altamente produtivas do Brasil e seus grandes campos de petróleo, duas das fontes de sua dependência de commodities. Comparado a Rússia, China e até Índia, o Brasil apresenta mais claramente o império da lei. Seu estado de bem-estar social representa uma escolha política defensável para um país com persistentes desigualdades. Acima de tudo, a força do Brasil é uma democracia que produziu continuidade política e estabilidade econômica.
Mesmo assim, seu governo precisa começar a enfrentar as fraquezas do país. O crescimento de 3,5% pode parecer pródigo para padrões ocidentais, mas está abaixo do que o Brasil precisa, para manter os ganhos sociais recentes, e do que poderia ser. Algumas das fontes de crescimento dos últimos anos podem estar se exaurindo. Essas incluem um bônus da estabilização, abertura e reforma da economia nos anos 90 e uma grande carona nos termos comerciais do país, graças ao apetite da China por commodities. Doravante, a força de trabalho do Brasil não vai crescer tão rápido, mesmo conforme as aposentadorias aumentam. O crédito interno não pode seguir crescendo na taxa de hoje, enquanto as residências começam a lutar com dívidas. Ao mesmo tempo, o Brasil se tornou um lugar muito caro para as empresas. O governo culpa o câmbio; fez grandes esforços para desvalorizá-lo. Mas o próprio governo é responsável por muito do “custo Brasil”.
Em suma, “é hora de outro esforço de reformas”, sem as quais “os investidores vão começar a buscar mercados de maior crescimento na América Latina _Peru, digamos, ou Colômbia ou logo talvez México”. E são “os pobres, que apoiaram a presidente Dilma Rousseff em grande número, que vão sofrer mais”. No dizer da reportagem, “um pouco menos de Brasilmania faria bem“, para Dilma “remover alguns dos obstáculos que seguram o Brasil”.
Também é a vez da reação ao co-fundador do Facebook, Eduardo Saverin, que foi manchete nacionalista no Huffington Post, ontem, “Não volte nunca mais“. Mas a reação dos senadores democratas à sua decisão de renunciar à cidadania americana, para pagar menos impostos sobre a venda de suas ações do Facebook, também é criticada em editorial do “Wall Street Journal”.
“Não temos nenhuma simpatia por Mr. Saverin, cuja decisão é um ato marcante de ingratidão ao país que o recebeu com uma criança do Brasil“, diz o jornal. “Mas o mais importante é que é decisão dele, ainda que equivocada. A América foi construída com milhões de decisões individuais similares de vir para as nossas praias. A maneira de continuar sendo um ímã para os melhores e os mais brilhantes não é impor impostos de estilo soviético para punir quem quer deixar o país. É humilhante ver senadores empostando de tal maneira.”
Por outro lado, o “New York Times” publica um longo relato de Adrian Melville, que tentou carreira de jogador de futebol no Brasil, no Santo André, após se formar em Princeton. Não foi muito longe, “mas minha estima pelo futebol brasileiro está intacta“.