De saída do Iraque, militares americanos e seus drones são enviados a Honduras, na América Latina
09/05/12 10:08O “New York Times” destacou que os EUA enviaram 600 soldados a Honduras, ao território dos índios Miskito, ocupando bases com aviões não tripulados (drones) e helicópteros, sob o título “Lições do Iraque ajudam EUA na guerra às drogas”. No comando, o coronel Ross Brown (foto acima, de Tomas Munita), que dirigiu os combates no Sul do Iraque. Acima dele, “responsável pelas atividades na América do Sul e Central”, o almirante Joseph Kernan vê o esforço como “necessário para evitar que terroristas cooptem grupos criminosos para ataques no hemisfério”.
Diante da intervenção, o “NYT” abriu o debate “Soldados americanos devem lutar a guerra contra as drogas?“, ouvindo os think tanks Brookings, contra, e Inter-American Dialogue, a favor. Destaca o ativista Tom Hayden, que defende “Não voltar a um capítulo cruel de nossa história”:
Depois do fracasso de nossas custosas guerras no Iraque e no Afeganistão, nosso governo está expandindo suas operações especiais em vários países. Agora 600 soldados americanos estão operando em Honduras em nome da guerra às drogas. Essa ascendente doutrina dos EUA é barata, deixa poucas vítimas americanas e pode ser conduzida nas sombras, minando a supervisão do Congresso, da mídia, dos pesquisadores e dos malditos manifestantes. Na América Latina, as coisas podem piorar. A região sabe, enquanto a América do Norte esquece, que a CIA e os boinas verdes tentaram impedir 20 insurreições populares e apoiaram ditaduras militares por décadas. Agora, em muitos dos mesmos países, como a potência Brasil, os insurgentes chegaram ao poder através de eleições, e os EUA estão marginalizados, com a maioria da América do Sul e Central cobrando alternativas à guerra militar às drogas. A América Latina se lembra de nosso papel no apoio a governo antidemocráticos. Não façamos de novo. Depois de não parar o golpe militar de 2009 contra um presidente eleito em Hondruas, agora estamos enviando soldados. Não é estranho que aparentemos ser novamente os ianques imperialistas e que nada de bom saia disso?
No final da semana, o mesmo “NYT” e o “Wall Street Journal” reportaram que o Brasil anunciou o envio de mais de 8.500 soldados à Amazônia, para ter “maior controle sobre suas fronteiras porosas”, atuando contra desmatamento, mineração e pistas ilegais, no que o ministro da Defesa, Celso Amorim, descreve como “a parte mais vulnerável de nosso país”.
Ao fundo, “NYT” e “Financial Times” noticiam hoje que a Embraer aceitou participar de nova licitação para fornecer aviões para a Força Aérea dos EUA. A empresa brasileira já teve dois contratos de fornecimento cancelados sem maior explicação pelos EUA, anteriormente.
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