Ultrapassando o grande consumidor americano
26/04/12 11:02“Era uma vez, o mundo disputava a atenção (e os dólares) dos consumidores americanos… Agora, porém, os americanos estão a caminho de serem substituídos pelos consumidores em ascensão de países muito mais pobres.” O “New York Times” abre assim o texto sobre um estudo da IHS Global Insight, que resultou no gráfico ao lado, mostrando “linhas convergentes” entre o consumo nos EUA e “o consumo de quatro importantes economias emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China, coletivamente conhecidas como Brics”.
Diz que a queda americana se deve, em parte, ao fato de que seu consumo era “inflado pela bolha de crédito”. Mas “o outro grande fator é que os padrões de vida no mundo em desenvolvimento estão melhorando tão rapidamente que esses países agora estão comandando o crescimento global”. Para o jornal, “ser ultrapassado pelos consumidores Brics não é necessariamente ruim”, pois abre “oportunidades de mercado às empresas americanas”.
Por exemplo, na feira de carros de Pequim a “Ford revelou o automóvel-emergente“, informa o “Financial Times”. É o “pequeno SUV” Ecosport, desenvolvido no Brasil “a partir do Ecosport brasileiro original”. O modelo, agora atualizado, “vai virar global”. Será produzido nas fábricas de Brasil, Índia, Tailândia e China, com “alvo claro”, ser “um SUV de aspiração, alternativo a um carro pequeno”, para as “famílias de classe média dos emergentes”.
“Wall Street Journal” e Reuters informam da Cidade do México que o grupo America Movil, do mexicano Carlos Slim, “o homem mais rico do mundo segundo a Forbes”, deve reportar hoje no final do dia que seu primeiro trimestre mostrou crescimento de receita e lucro, graças à “consolidação da unidade de TV a cabo no Brasil, Net“.
Também no “WSJ”, de Madri, o lucro do banco espanhol Santander caiu no primeiro trimestre devido às medidas “para se fortalecer contra as perdas nos empréstimos na Espanha e em Portugal”. O lucro caiu também no Brasil, “seu maior motor de crescimento nos últimos anos”, devido à inadimplência e à desaceleração do crédito, mas o banco “diz que essas tendências se reverteram recentemente e prevê crescimento de 15%”.
Na direção contrária, a Reuters noticia de Lima que “três das maiores empresas brasileiras impulsionam investimentos em gás no Peru“, listando projetos bilionários de Odebrecht, para construir um gasoduto, Braskem e Petrobras. O presidente Ollanta Humala, que estaria se mostrando aberto aos investimentos brasileiros, “disse que o projeto de gasoduto vai ajudar a transformar a matriz energética do Peru”.
O “Financial Times”, a partir de nota do banco Morgan Stanley, mostrando que os investidores “podem não gostar do cheiro de controle estatal, mas as empresas estatais tiveram desempenho melhor que suas colegas privadas nos últimos anos”, detalha o debate em torno de Vale, Petrobras e Banco do Brasil, cujas ações “perderam o brilho recentemente”.
Para o investidor Mark Mobius e o banco Deutsche, o problema no Brasil é a “gradual” intervenção estatal. Por outro lado, segundo Jonathan Garner, que escreveu a nota do Morgan Stanley, “alguns têm argumentado que o nível de controle estatal é uma de suas maiores fraquezas, mas essa é uma preocupação fora de lugar”. A China é ainda mais intervencionista, porém suas estatais “figuram no topo da lista do Morgan Stanley”.