Na Cúpula das Américas, a busca por uma alternativa à liderança do Brasil, via Colômbia ou México
13/04/12 09:46O “New York Times” relata que Barack Obama viaja hoje à Cúpula das Américas, onde vai “navegar áreas controversas”. Embora “a tensão sobre Cuba pareça estar para trás”, sem o risco de fotos “com um Castro”, Julia Sweig, do think tank Council on Foreign Relations, diz que “é uma questão perene” para os EUA, que todo presidente tem de atravessar.
Já as “drogas podem ser um problema maior” para Obama, com a defesa da descriminalização pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos. Mas no caso o Brasil de Dilma Rousseff, onde “a demanda também cresceu”, deve ficar ao lado dos EUA de Obama, contra.
O “NYT” espera ruído também em comércio, depois da carta enviada pela central sindical americana AFL-CIO a Obama, na semana passada, afirmando que ele não pode declarar que a Colômbia “cumpriu o acordo lateral”, previsto no tratado de livre comércio com os EUA, “de fazer mais para acabar com os assassinatos de líderes sindicais no país”.
A Associated Press, por “Washington Post” e outros, destaca que Juan Manuel Santos ambiciona se apresentar como nova liderança na cúpula. Ouve de Michal Shifter, do think tank Inter-American Dialogue, que “há pouca dúvida de que ele emergiu como um líder regional”, e de Adam Isacson, do Washington Office on Latin America, que “não se provou um líder regional”. Da AP:
Santos, ex-aluno da Universidade de Kansas e filho de uma das mais influentes famílias da Colômbia, aspira preencher o vácuo de liderança regional deixado pelo ex-presidente brasileiro Luiz Inacio Lula da Silva. A atual líder, Dilma Rousseff, diz Shifter, “é muito menos interessada nos holofotes e mais focada em prioridades internas”.
Mas “a Colômbia não está livre de problemas”, diz a agência, sublinhando que “o país continua em guerra, conflito que levou pelo menos 259 mil colombianos a deixarem suas casas no ano passado”. E continua sendo o maior fornecedor de cocaína aos EUA.
Além da Colômbia, tem o México, que “sai da sombra do Brasil”, segundo o “Financial Times”. Análise revê a década em que o Brasil de Lula e dos Brics deixou para trás o México, até então a maior economia da região. Arrisca que “a sorte pode estar mudando”, com a perspectiva de desaceleração das commodities que estimularam o Brasil no período:
O tamanho do Brasil significa que ele nunca mais deve perder o posto principal da América Latina. Ainda assim, se você olhar a longo prazo, as perspectivas do México podem ser bem mais róseas do que muitos acreditam, inclusive os mexicanos.
O “NYT”, com Reuters, noticia que o colombiano Jose Antonio Ocampo, candidato ao Banco Mundial com estímulo do Brasil, mas não da Colômbia, se reuniu com Guido Mantega e disse que “estamos todos com um olho em quanto apoio os EUA têm” para o seu candidato, Jim Yong Kim, “e também buscando meios de ter um só candidato para os emergentes“. Além de Ocampo, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala está na disputa. Kim acaba de receber o apoio do México.
Na mesma direção, o “Wall Street Journal” publicou o artigo “Coloquem Mundial em Banco Mundial”, de David Daokui Li, do think tank Centro para a China na Economia Mundial, defendendo que “o próximo presidente da organização deve ser das economias emergentes“. Ele questiona a política monetária das “economias avançadas, que podem continuar criando dinheiro para parecerem ricos em moeda, mas fazer isso sem fim é suicida para a economia global”.
O “NYT” posta ainda entrevista com Jim Yong Kim, que diz que o Banco Mundial “precisa continuar a encontrar caminhos para se manter relevante” no financiamento de programas nos emergentes, como querem os Brics. Por outro lado, afirma que “China, Índia e Brasil todos têm diferentes visões” para a instituição, o que indicaria uma divisão dos Brics.