Brasil acredita que seu tempo na periferia do jogo global de poder está perto do fim
12/04/12 09:33Com foto em que Dilma Rousseff e Barack Obama se encaram, olhos nos olhos, o “Financial Times” publica a análise “Olhos do Brasil se movem para o centro do palco“, do correspondente Joe Leahy. Abre citando o livro de referência do diplomata “veterano” Samuel Pinheiro Guimarães, “500 Anos de Periferia”, para contrapor:
Mas, se a visita de Dilma a Washington significou algo, foi que Brasília claramente acredita que seu tempo na periferia do jogo global de poder está perto do fim. Na coletiva com Obama na Casa Branca, a presidente falou o dobro de seu colega e não temeu criticar algumas da políticas do anfitrião, quando chegou ao que chama de “guerra cambial”.
O jornal ouve de Matias Spektor, da FGV, que “há uma presunção de que, conforme o Brasil ascende, as potências estabelecidas vão reagir e tentar evitar que o Brasil suba”. De todo modo, sublinha o correspondente, “se Dilma não revolucionou a política externa do Brasil”, realinhando o país aos EUA, “ainda assim houve progressos durante sua viagem, dizem analistas, inclusive movimentos na direção de maior cooperação militar”.
Também o britânico “Guardian” segue ecoando a visita, em análises. Conor Foley saúda a nova teoria diplomática brasileira, de “responsabilidade ao proteger“, em contraponto ao intervencionismo dos EUA, que professam “responsabilidade de proteger”. Jason Farago questiona a resistência americana ao país, dizendo que “Todos querem falar com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, exceto Obama”, que “parece preso a uma outra era“, incapaz de compreender que uma nação latino-americana sirva de modelo.
Em seu blog no “New York Times”, o Nobel de economia Paul Krugman destaca estudo sobre “o marcante declínio na desigualdade na América Latina”. Anotando que a região “se movimentou para a esquerda por volta de 2000, dando parcialmente as costas ao Consenso de Washington, e houve reversão dramática nas tendências de desigualdade”, sem perdas na economia, sobretudo nos países “social democráticos (como Brasil)”.
Os gráficos respondem às questões, colocadas por ele, sobre se “as políticas fazem diferença” e, em particular, se “os governos podem reduzir desigualdade sem matar a economia”. Lembrando como “a direita exaltava o sistema privatizado de aposentadorias do Chile”, diz que “talvez haja uma lição diferente de nossos vizinhos do Sul“, agora.
Ao fundo, no confronto EUA-Brasil, o “Wall Street Journal” noticia que a Justiça Federal negou o pedido de um procurador para suspender as operações da “gigante americana de petróleo Chevron“, dizendo que a Agência Nacional de Petróleo “tem o conhecimento técnico para avaliar a melhor solução para evitar acidentes”, como os dois vazamentos da Chevron.
Por outro lado, a Reuters noticia que a Petrobras afirmou que os “traços de vazamento” denunciados pela Chevron em área da estatal brasileira “não são de seu campo de produção”.