Dilma e Obama tentam destacar o que é positivo, mas não conseguem esconder as diferenças
10/04/12 11:53O “New York Times” publica hoje a longa análise “Brasil e EUA acentuam o positivo”, em alto de página, reproduzida parcialmente acima. Simon Romero, do Rio, e Jackie Calmes, de Washington, escrevem que a primeira visita de Dilma Rousseff a Washington foi “cordial o bastante”, listando o almoço na Casa Branca, a abertura dos dois novos consulados no Brasil e o acordo comercial envolvendo cachaça brasileira e uísque do Tennessee.
Mas o tom amigável não esconde “a sensação de que EUA, cujo domínio na América Latina está refluindo, e Brasil, a potência em ascensão no hemisfério, ainda não concordam em muitas questões importantes, da diplomacia no Oriente Médio ao comércio com Cuba e às ambições do Brasil de obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU”. Ouve, de Peter Hakim, do think tank Inter-American Dialogue, de Washington, que “o Brasil se vê como tendo chegado lá ou estando próximo de chegar”, enquanto “os EUA veem o Brasil como grande, o país mais importante na América Latina, mas nem perto de uma potência global”.
Já o “Wall Street Journal” e o “Financial Times” destacam que a “Líder do Brasil bate na política monetária dos EUA” e “Rousseff busca apoio dos EUA em guerra cambial“. Foi o principal tema também dos sites financeiros, como o MarketWatch, e da cobertura da Bloomberg TV. Do repórter desta última, ao vivo da Casa Branca, ontem:
O Brasil realmente tem sido martelado por esse dinheiro inundando o mercado. O que o presidente geralmente responde é que há uma separação entre nossa política monetária e nossa política fiscal. Mas no passado o presidente já saiu em defesa da política monetária, porque, para falar francamente, ela ajuda na sua reeleição.
As relações Brasil-EUA também foram tema da CNN, com Paulo Sotero, do think tank Wilson Center, de Washington, e da Al Jazeera, com debate entre Hakim, Sotero e Paulo Vieira da Cunha, consultor do FMI e ex-diretor do Banco Central.
O “NYT” anota que Dilma vai hoje às universidades MIT e Harvard, para tratar do Ciência Sem Fronteiras. E ouve de Maurício Santoro, professor de relações internacionais da FGV, “uma universidade de primeira” no Brasil, que o programa “fará mais para avançar as relações entre os dois países do que todos os outros acordos diplomáticos em discussão”.
Em destaque no site do Departamento de Estado, com transcrição e vídeo, Hillary Clinton vai pela mesma linha, em discurso na Câmara de Comércio dos EUA, em Washington:
Eu pessoalmente acredito que a maior interação entre nossos jovens, no nosso hemisfério, é uma das chaves para o futuro comum. Programas como esse vão nos ajudar a preparar a força de trabalho e dar aos nossos estudantes as ferramentas e as relações que uma economia global requer. Considerem a brasileira Tecsis, que faz as lâminas usadas em turbinas de vento. É uma das maiores no mundo, fundada por três engenheiros brasileiros. Todos estudaram no ITA, instituto tecnológico de alto nível que foi criado com forte apoio do MIT, e um também estudou em Harvard… E eu estou deliciada que a presidente Rousseff vai ao MIT e a Harvard. Bem, hoje a Tecsis é líder no mercado americano. Exporta mais da metade de sua produção para os EUA. Um de seus principais clientes é a GE.