Brasil mapeia sua própria rota, acelerando a chegada de um mundo que não joga pelas regras dos EUA
09/04/12 11:44O “New York Times” publicou no domingo o longo artigo “O lugar da América no novo mundo“, de Charles Kupchan, do think tank Council on Foreign Relations. Ele diz que o “modelo democrático, secular e de livre mercado” dos EUA é hoje desafiado pelo capitalismo de Estado de China, Rússia e “sheikdoms”, monarquias de xeques, do Golfo Pérsico. Mas não só por eles:
O populismo de esquerda está firme da Índia ao Brasil. Em vez de seguirem o caminho do Ocidente e aceitarem obedientemente seu lugar na ordem internacional liberal, nações em ascensão estão desenhando suas próprias versões de modernidade e reagindo às ambições ideológicas ocidentais. Conforme o século avança, sustentar o poder americano será a parte fácil. A parte difícil será se ajustar à perda do domínio ideológico da América e desenhar um consenso num mundo diverso e incontrolável. Se os líderes americanos se mantiverem cegos a essa nova realidade e continuarem a esperar uma conformidade aos valores ocidentais, eles não só fracassarão em compreender as potências emergentes, mas também alienarão os muitos países que estão cansados de serem pastoreados aos padrões de governança ocidental. Washington presume que as democracias do mundo vão se alinhar automaticamente com os Estados Unidos; valores comuns supostamente significam interesses comuns. Mas, se a Índia e o Brasil forem um indício, mesmo as potências em ascensão que são democracias estáveis vão mapear suas próprias rotas, acelerando a chegada de um mundo que não joga mais pelas regras ocidentais.
Por outro lado, o jornalista Walter Russell Mead publica “O mito do declínio da América” hoje no “Wall Street Journal”. Diz que “Washington adicionou China, Índia, Brasil e Turquia ao seu teclado rápido, junto com Europa e Japão, mas vai permanecer como presidente de um conselho maior”.
“NYT” e “FT” seguem na cobertura da disputa pelo Banco Mundial, com artigos de Thomas Bollyky, do Council on Foreign Relations, em defesa do candidato americano, Jim Yong Kim, e do próprio José Antonio Ocampo, candidato boliviano que conta com aparente estímulo do Brasil.
Ao fundo, o estatal “China Daily” destaca que a “África olha para a China atrás de financiamento”. Ouve do vice-presidente da democrática Gana, John Dramani Mahama, que “a ascensão dos Brics, como China, Brasil e Índia, dá uma alternativa de crédito aos países africanos e em desenvolvimento, sem precisar passar pela velha ladainha”. Ele vai a Pequim assinar empréstimo de US$ 3 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China. E “acrescentou que Gana também negocia com o Brasil para fechar um acordo similar, mas menor, de US$ 1 bilhão”.
Na longa reportagem “Mercados latino-americanos miram nova década de ganhos”, no domingo, o “NYT” destaca que o “vigoroso e persistente renascimento econômico e político, especialmente no Brasil”, deve prosseguir nas bolsas da América Latina, segundo fundos como BlackRock. Mas o texto alerta para a autoconfiança excessiva, hubris, no país.
O “FT” acrescenta que a companhia de petróleo britânica BG vai investir US$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento no Brasil, onde há escassez de especialização no setor.
E o “CD” noticia que a montadora chinesa Chery, que “se prepara para produzir carros em 2013″ no Brasil, anunciou uma cadeia de fornecimento completa, para “evitar os impostos elevados sobre veículos montados com pouco conteúdo local”.