A web meio que acabou
05/04/12 00:48Nas últimas semanas, publiquei uma série de reportagens e análises sobre a adoção de “paywall”, assinatura digital, como alternativa de receita para os jornais, a partir do sucesso da experiência do “New York Times” com o modelo poroso _em que o acesso ao site segue gratuito até um certo número de páginas ou então via mídia social, como Twitter e Facebook.
Nos textos Publicidade em jornais dos EUA cai 7,3%, Publicidade digital cresce pouco nos EUA e Sites não otimizam publicidade, dados da associação de jornais e do instituto Pew evidenciaram o agravamento da perda de receita publicitária impressa, sem reposição on-line nem mesmo naqueles que adotam técnicas mais adequadas de marketing.
Nos textos Aumenta adesão à cobrança na internet, Jornais britânicos estudam modelo do “NYT” e Jornais seguem “paywall” do “NYT”, este parte de um material maior sobre o relatório anual O Estado da Mídia, cada vez mais títulos de prestígio tanto nos EUA como na Europa, inclusive o “Guardian”, embarcam no modelo poroso ou analisam fazê-lo.
Por fim, marcando um ano do “paywall” do jornal, “NYT” decide reduzir limite de acesso grátis, de 20 para 10 páginas, para forçar mais assinatura digital. Ou seja, se o modelo poroso se impôs, também fica evidente que a nova receita não basta para repor a perda em publicidade impressa.
David Carr, repórter e colunista de mídia do mesmo “NYT”, em longa entrevista à The Verge, admite que não gostou da redução do acesso gratuito decidido pelo jornal, mas acrescenta:
Eu reluto em pegar pesado contra isso, porque penso que essas caras realmente costuraram o novo modelo com uma agulha impossível. Então não quero parecer que sei mais do que eles, porque, Deus, eles já conseguiram o que acredito ser uma façanha assombrosa _e que será muito importante para nós, no futuro. Eu me conforto no fato de que mantivemos a visibilidade em mídia social.
No “Guardian”, colocaram o jornal inteiro gratuitamente… Isso nunca será um modelo para nós, porque os leitores cada vez mais querem pagar pelo “NYT”. E não é só que conseguimos dinheiro deles. Conseguimos um novo negócio de publicidade para pessoas que optaram pelo “NYT”. Essa audiência expressou um desejo de estar lá, de gastar seu precioso dinheiro, e deve ser muito valiosa.
Carr admite que o avanço do “Guardian” em mídia social chamou sua atenção, mas questiona a hierarquização de notícias pela “multidão”, pelos “trending topics”, defendendo a edição do “NYT”, que traz uma sensação de comunidade. Dizendo-se “inundado por informação todo dia”, vem selecionando mais o que segue no Twitter e em outras partes. E encerra:
O que eu não olho mais é a web. A web meio que acabou para mim.
O blog volta a ser atualizado na segunda, dia 9.
excelente tema. aliás, li a entrevista no The Verge e acredito que á única mídia que vale a pena ler atualmente. textos muito bem escritos e entrevistas relevantes. adoro aquele site.
Lamentável. A web não surgiu para que o mundo continue com algumas dezenas de jornais como meio de transmissão de notícia, a web surgiu para democratizar a notícia, oferecer dezenas e centenas de MILHARES de canais de transmissão de notícias. Além do que o potencial da web está em todos seus milhões de sites cada um com um estilo, uma idéia diferente. A web é a expressão de TODA a humanidade, quem só enxerga meia dúzia de canais tradicionais é míope ou cego.