Pouco a pouco, Brics avançam nos laços financeiros, à revelia de EUA e Europa
30/03/12 10:21No editorial “Tijolos soltos”, trocadilho com Brics, o “Financial Times” volta a apontar as divisões entre os cinco países emergentes, mas acrescentando:
Houve sinais encorajadores na cúpula de Nova Délhi, no entanto. Ao concordarem em estender facilidades de crédito em suas moedas locais, os Brics serão capazes de reduzir sua dependência do dólar no comércio entre eles. É também uma conquista que os membros estejam prontos para considerar seriamente a ideia de financiar um bando de desenvolvimento próprio. Os benefícios potenciais podem ser grandes, tanto na desobstrução do comércio entre os países em desenvolvimento como na difusão do conhecimento adquirido pelos cinco grandes para as nações mais pobres. O banco será um teste para o compromisso dos Brics em fazer a aliança funcionar. Eles terão de ir além da retórica de unidade e entregar financiamento. A China terá de lidar com as suspeitas persistentes quanto aos seus objetivos com qualquer fundo de desenvolvimento.
O “Wall Street Journal” destaca que os Brics “criticam Ocidente” por não ceder poder no FMI e Banco Mundial e pelas políticas monetárias que levam “instabilidade aos mercados financeiros globais”. Também noticia que começou o Bricsmart, a aliança entre bolsas dos cinco países.
Já o “New York Times” segue na cobertura crítica, sob o título “Líderes dos Brics fracassam em criar rival do Banco Mundial“. Diz que “ficaram aquém de alcançar o objetivo mais discutido antes do encontro e em vez disso criaram um grupo de trabalho de alto nível para a questão”.
Mas o próprio “NYT”, em blog, postou repercussão de mídia dizendo que “se a cúpula foi um triunfo ou um desapontamento depende de quem você ouve“. Como triunfo, os indianos “Hindu” e “Mint” e o russo “Rossiskaya Gazeta”. Como desapontamento, o texto de seu próprio correspondente e outro, do britânico “Telegraph”. Em outro post, também sobre repercussão, anota que para o francês “Le Figaro” “pouco a pouco os Brics estão se afirmando“.
Na manchete do “China Daily”, com aspas do presidente Hu Jintao, “Brics vão trabalhar mais juntos“. Ele “promete maior unidade, com banco em consideração”. O jornal destaca que “o bloco assinou acordos chave sobre câmbio e crédito” e que “o comércio intra-Brics está em US$ 230 bilhões e tem o potencial de mais que dobrar até 2015”. Entre as várias reportagens, “Cúpula foi um sucesso, diz delegação chinesa” e “China e Índia podem discutir diálogo marítimo, diz Hu“. O editorial “Solidariedade de Brics” diz que a cúpula “não foi oportunidade perdida“.
Sobre o banco de desenvolvimento, ouve Jim O’Neill, do Goldman Sachs, para a enunciado “Homem que cunhou ‘Bric’ apoia proposta de banco conjunto“. Por outro lado, publicou artigo de Zhu Ning, do Instituto Avançado de Finanças de Xangai, para quem “o espírito é mais importante que a pessoa na cadeira“, sobre a sucessão no Banco Mundial.
De sua parte, o “NYT” publicou que, “Pela primeira vez, o provável próximo presidente do Banco Mundial enfrenta dois rivais“, ouvindo críticos da escolha do novo titular pelos EUA. Entrevista a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, que estava na cúpula dos Brics, e o colombiano José Antonio Ocampo. “Rindo”, este falou que “é uma competição relativamente desequilibrada”, referência à seleção “quase assegurada” de Jim Yong Kim, indicado pela Casa Branca.