Brasil vence a primeira rodada da guerra cambial, com facilidade. Mas Dilma quer mais
23/03/12 09:32O “Wall Street Journal” proclama que o “Brasil vence a primeira rodada da guerra cambial”. E foi “facilmente”, com medidas que vão de “elevação de imposto a intervenções diárias no mercado”. Este agora vê a “linha de defesa” do Banco Central em R$ 1,80 por dólar, não mais R$ 1,70. O custo foi a redução no fluxo de “hot money” para o país. Mas “a longo prazo os investidores continuam a ver crescimento forte e fluxos para o Brasil”, citando Copa e Olimpíada.
O “Financial Times”, citando “mais boa notícia para o governo da presidente Dilma Rousseff” ontem, com a desaceleração da inflação, diz que o resultado “apoia não só a política de baixar juros, mas também outra prioridade governamental: encorajar uma taxa cambial mais fraca”. Questiona porém se o Brasil não passou da dose, se não estaria “usando esta rodada da guerra cambial para matar o velho demônio _a taxa cambial forte_ de uma vez por todas”. Em suma, no título, “Brasil é um guerreiro ou um manipulador cambial?“.
O “China Daily” publica o artigo “É hora de sair da sombra”, de um professor da Universidade de Pequim, defendendo que o país pode não querer sair da sombra dos EUA em questões diplomáticas, “mas a hora de virar líder global em questões financeiras é agora”. Diz que o processo já começou, com a ampliação do comércio em yuan/renminbi, hoje com “uma zona cambial se espalhando da Ásia aos emergentes, inclusive Rússia, Índia e Brasil”. Prevê que “será, inevitavelmente, moeda de reserva”. E cobra liderança mais firme de Pequim no FMI e no G20.
O jornal estatal também publica o artigo “Unidos, eles se erguem altos e fortes”, sobre a cúpula dos Brics, que começa dia 28. Dizendo que devem ir além “da proposta de um banco de desenvolvimento, dos acordos comerciais em moeda local e da extensão dos empréstimos em yuan/renminbi da China aos outros membros”, defende que negociem o fim do Ibsa, grupo que reúne as democracias Índia, Brasil e África do Sul. Diz que o Ibsa “cria desconfiança mútua”, assim como os atritos de fronteira entre Índia e China e os atritos cambiais entre Brasil e China.
A Reuters segue na cobertura da disputa no Banco Mundial, reproduzida por “New York Times” e outros. Diz que os EUA enfrentam “desafio sem precedentes a seu controle” e que a África do Sul “deve confirmar a candidatura de Ngozi Okonjo-Iweala, ministra das finanças da Nigéria, uma respeitada economista e ex-diretora do Banco Mundial”. O Brasil queria lançar o ex-ministro colombiano Jose Antonio Ocampo, mas a Colômbia reluta, diante da vitória certa dos EUA.
[PS 11h – Nem Lawrence Summers nem Susan Rice. Sob pressão dos emergentes, a Casa Branca indicou Jim Yong Kim, americano de origem coreana, médico com atuação contra Aids e tuberculose, noticia a AP, já ecoando nas manchetes de “NYT“, “FT” e “WSJ“.]
Ao fundo, também no “NYT”, a ex-senadora colombiana Piedad Cordoba, que media as negociações, diz que a soltura dos últimos prisioneiros mantidos pelas Farc será nos dias 30 e 1º, com dois helicópteros militares que “o Brasil ofereceu para a operação”.
Destacada por “NYT” e “FT”, a Reuters noticia que a Agência Nacional de Petróleo defendeu a Chevron, cujos vazamentos não teriam ocorrido por “negligência”, e que o senador governista Jorge Viana questionou a ação do Ministério Público contra a empresa americana, por “criar um clima de insegurança” que pode afetar investimentos necessários ao setor.
Por fim, o “NYT” registra que o evento Macy’s Flower Show, da tradicional loja nova-iorquina, “foca este ano as flores brasileiras”, de domingo a 7 de abril. O título é “Brasil: Jardins no Paraíso“.