Cuba caminha para o capitalismo com ajuda do Brasil, mas não dos Estados Unidos
22/03/12 16:53Com a manchete “Na estrada para o capitalismo“, a nova “Economist” publica especial sobre Cuba, encabeçado pelo editorial de mesmo título, mais o subtítulo “A mudança está chegando finalmente a Cuba. Os Estados Unidos poderiam fazer muito mais para encorajá-la”. Em suma, “é hora de a América deixar para trás sua raiva de 50 anos”. Questiona “o poderoso lobby de exilados em Miami e Washington” e diz que os EUA devem repetir com Cuba o que fizeram com a China e o Vietnã, buscar “relações normais” por seu próprio interesse:
A única pergunta sensível a fazer é como acelerar a mudança. No curto prazo, a troca de regime é improvável. Os grupos dissidentes que a política americana apoia são pequenos e isolados. Não existe um Mandela à espreita. O resto da América Latina concluiu que encorajar o regime no caminho da reforma é melhor que pará-lo. No ano que vem, um porto contruído pelo Brasil e apoiado por uma zona de livre comércio deve ser aberto.
Em reportagem sobre a mudança que virá com o afastamento natural dos irmãos Castro, por idade, o que calcula acontecer em cerca de cinco anos, a “Economist” faz a viagem de Havana para Mariel, que “deverá ser parte importante do futuro de Cuba como país capitalista”. É lá o complexo do porto, “a ser operado pela Singapore Ports e que será uma ‘zona de desenvolvimento especial’, com fábricas produzindo para exportação”:
Muitos dos US$ 975 milhões para a infraestrutura vêm do BNDES. O Brasil, como China, Espanha e Canadá, está investindo em termos de mercado. Quando a presidente Dilma Rousseff visitou Cuba em fevereiro, evitou críticas públicas ao quadro de direitos humanos. Autoridades em Brasília insistem que, assim como os EUA, gostariam de ver liberdade política na ilha, mas buscam alcançar isso de maneira diferente.
Também na nova edição, com a ilustração acima, a “Economist” aborda o projeto de reforma previdenciária que pode “ajudar a desarmar uma bomba-relógio econômica“:
Depois de gastar muito de seu capital político lutando contra a corrupção, a presidente Dilma Rousseff foi forçada a escolher suas batalhas. Sete senadores de sua coalizão ressentida já saíram e mais avisam que podem segui-los. Ms. Rousseff segurou a maioria de seus planos legislativos até que as relações melhorem. Mas está preparando seu poder de fogo remanescente para o que pode ser o maior problema de política pública do Brasil: um sistema voraz de aposentadoria que ameaça estourar o orçamento e danificar a economia.