Brics põem de lado o dólar como moeda de reserva global e articulam banco de desenvolvimento
08/03/12 11:00Na submanchete do “Financial Times”, a China vai oferecer empréstimos em yuan ou renmibi aos outros Brics, “em novo passo para a internacionalização de sua moeda”. Os bancos de desenvolvimento de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul “vão assinar um memorando de entendimento no dia 29”, na cúpula dos Brics em Nova Délhi, para estender crédito em suas moedas locais aos demais membros.
Pelo Brasil, participa o BNDES, que já é “quatro vezes maior que o Banco Mundial”.
O jornal acrescenta que, “seguindo-se à notícia do acordo iminente entre os bancos de desenvolvimento dos Brics, outra infraestrutura financeira para o mundo emergente” será criada pelo Citigroup em Xangai, voltada à América Latina. Visa “ajudar clientes do Sul em questões de comércio e pagamentos nas exportações e importações da China e de toda a Ásia”:
É mais um sinal do rápido desenvolvimento de fluxos comerciais entre emergentes que deixam de lado tanto o mundo ocidental quanto o dólar como moeda de reserva global.
Por outro lado, “FT” e “Wall Street Journal” publicam longas análises sobre a desaceleração dos emergentes, com destaque para China e Brasil. O primeiro destaca que os problemas “ainda não são sérios o bastante para descarrilhar os emergentes”. O segundo avisa que o crescimento menor dos “motores emergentes significa problema para a economia mundial” e registra que o Brasil reagiu ontem, cortando a taxa de juros “mais que o esperado”.
O “FT” também noticia o corte “maior que o esperado”. Por outro lado, anota que, para analista do banco Barclays, a queda na produção industrial brasileira, usada para justificar o corte, na verdade foi sazonal e não deve se repetir no ano.
No editorial “Desaceleração do Brasil”, o “FT” opina, com ironia, que o PIB menor “não deve levar Brasília à autoflagelação“. Credita o resultado à desaceleração da União Europeia e à “forte apreciação do real, devido à grande entrada de capital”. Apoia a queda nos juros, mas alerta que ela precisa ser “sustentável”, com redução do orçamento do governo. Elogia a reforma na Previdência e os cortes de gastos, “mas é preciso mais”:
O Carnaval acabou no Rio, mas, com os passos certos, a festa pode continuar no Brasil.
Do Rio e de Nova York, o “FT” informa que a “General Electric lucra com o crescimento da América Latina”. Para 2012, a empresa de tecnologia espera que seu crescimento na região supere seu motor tradicional na Ásia, “liderado por China e Índia”. A GE destaca, “entre as oportunidades, o plano de investimento da Petrobras para gastar US$ 225 bilhões na exploração dos campos no mar, nos próximos cinco anos”.
Por outro lado, o perfil de Eike Batista na “Forbes”, que justifica seu sétimo lugar entre os bilionários, abre dizendo que ele “cavalga a febre do petróleo” no país. Já o “WSJ” informa que uma ampla reformulação na direção da holding EBX “levanta dúvidas entre investidores”, citando o banco Morgan Stanley e a corretora SLW, “e afeta os preços das ações”.