O dia em que o modelo de negócios será mais digital e menos impresso está próximo
07/03/12 13:42Quando o “Guardian” se proclamou “open journalism”, no ano passado, o analista de mídia Jay Rosen, da “New York University”, avaliou que estavam definidos então os três modelos em teste para definir o futuro da imprensa: o jornalismo inteiramente aberto do “Guardian”, o inteiramente fechado do “Times” de Londres e o poroso, fechado mas nem tanto, do “New York Times”.
Com o êxito das assinaturas digitais do “NYT”, 380 mil em um ano, o modelo poroso está prestes a ser declarado vencedor. O “Times” de Londres já admite adotar a mesma estratégia.
Mas o “Guardian” resiste, como mostrou no comercial que reconta, como “open journalism”, a história dos Três Porquinhos _com a morte do Lobo Mau e a prisão dos suínos, misturando manchetes, vídeos e mensagens de Twitter. Publiquei um relato, aqui, anotando que o “Guardian” precisa defender seu modelo com números de publicidade, não comerciais à Michael Bay.
O problema é que a queda na publicidade impressa dos jornais não vem sendo reposta por aumento na publicidade on-line. Publiquei um relato sobre o levantamento do instituto Pew, aqui, mostrando que no ano passado, para cada US$ 1 obtido em publicidade on-line pelos jornais americanos, foram perdidos US$ 7 em publicidade impressa.
A falha no estudo do Pew é que não leva em conta as assinaturas digitais. Os resultados do “NYT” com o site poroso _que permite acesso limitado aos não-assinantes e acesso livre aos que chegam via mídia social_ já provocam uma reviravolta na imprensa, começando por lá.
O “Los Angeles Times” é o mais recente a abraçar o modelo, nesta semana. Outros haviam seguido antes o mesmo caminho, como “Boston Globe” e “Star Tribune”, de Mineápolis. E a rede Gannett, do “USA Today”, já admite fazer o mesmo.
Significativamente, como destacou o próprio “Guardian” no início do ano, o “NYT” está acelerando a transição, com ações como a elevação do preço de sua versão impressa e a campanha para fidelizar assinantes de papel às assinaturas digitais. Está de olho, sobretudo, na explosão dos tablets, que em apenas dois anos de iPad alcançaram penetração de 29% nos EUA.
O analista de mídia Ken Doctor, autor de “Newsonomics”, alerta que “o dia em que o modelo de negócios será mais digital e menos impresso está cada vez mais perto“.
Com a conscientização cada vez maior de que a produção de papel é poluente, o próprio descarte do papel é poluente, e a evidência da praticidade das mídias digiai, a tendência é mesmo o fim do jornal/revista impressa, não para agora, mas talvez daqui 10,15 anos.
Particularmente prefiro ler no papel, mas a praticidade de ler no notebook é inegável.