Wen, Hu e Xi querem inovação
06/03/12 11:04Na manchete do “China Daily”, a meta de crescimento caiu para 7,5% este ano e “pode ser menor no futuro”. O primeiro-ministro Wen Jiabao justificou que o país busca agora “desenvolvimento de maior qualidade“.
O presidente Hu Jintao defendeu que o desenvolvimento priorize “inovação científica”, com abertura econômica sobretudo nas “regiões desenvolvidas” da costa. E o vice-presidente, provável futuro presidente, Xi Jinping deu Xangai como modelo para aprofundar reformas e melhorar o nível de vida, embarcando “num caminho de desenvolvimento científico”:
A cidade deve buscar desenvolvimento guiado pela inovação, realizando reformas em todos os setores com determinação e coragem e promovendo sua competitividade.
O “Wall Street Journal”, na reportagem “China acelera transformação econômica”, diz que a redução na meta de crescimento é “má notícia para os exportadores de commodities“, citando Brasil, Austrália e Oriente Médio. Mas é “oportunidade” para exportadores de software, entretenimento e alta tecnologia, citando EUA e Europa.
Já “Financial Times” destaca que devem ser afetados países como Alemanha e Japão, “que se especializaram na venda de maquinário para construir fábricas e indústria pesada”, e também Austrália e Brasil, “que mais se beneficiaram do boom chinês” e “não devem ver outro superciclo puxado pela China nos próximos anos”.
Por outro lado, Wen Jiabao destacou no “CD” que a China vai ampliar abertura e reformas “encorajando as empresas a irem para o exterior”:
A nação está num importante estágio de acelerar os passos que tomou para realizar investimentos no exterior. A China vai guiar todos os tipos de empresas para fazerem investimentos ordenados em energia, recursos naturais, agricultura, serviços e indústrias de infraestrutura, usando fusões e aquisições.
O “CD” noticia na edição que a Sinopec, “uma das gigantes do petróleo da China”, anunciou a prospecção do campo Pão de Açúcar no Brasil, com produção de 5 mil barris e 810 mil metros cúbicos, em operação conjunta com a espanhola Repsol. E volta a registrar que a montadora Chery, exportadora de sucesso em 2011, prepara fábrica no Brasil.
Já o “WSJ” noticia que a China Steel, de Taiwan, vai buscar mais aquisições de recursos de minério de ferro, “junto com siderúrgicas da China”. Seu presidente, Sung Jyh-yuh, diz ter identificado “alvos” no Brasil, onde já participa da Namisa, na Austrália e na África.
O “China Daily” publica que Pequim espera que a cúpula dos Brics “encontre novo ímpeto para a recuperação global”, segundo o ministro do exterior, Yang Jiechi. A China vai “promover um papel maior das nações Brics em questões internacionais” e “fortalecer a cooperação entre os membros”, além de “relaxar tensões regionais [com a Índia] para manter a estabilidade”.
No final da semana passada, o “New York Times”, com AP, noticiou a reunião em Nova Délhi de Yang com o ministro do exterior indiano, S.M. Krishna, preparatória para a cúpula do próximo dia 28. E registrou protestos de exilados tibetanos.
O mesmo “NYT” noticia hoje que a cúpula do G8 (países ricos mais Rússia) em maio não será em Chicago, como vinha sendo “alardeado” pelo presidente Barack Obama, e sim em Camp David, “para reduzir preocupações de segurança”. Mas o governo americano nega que o risco de “protestos antiglobalização” tenha pesado na decisão. Do jornal:
O G8 tem sido visto cada vez menos como um fórum eficiente para deliberações sobre economia e segurança global, num momento em que outras nações _entre elas China, Índia e Brasil_ se tornaram potências globais.
Os Brics encerram hoje um fórum de think tanks, na Índia, preparatório para a cúpula. Oliver Stuenkel, da FGV, participa e cobre via Twitter e blog.