A guerra cambial em múltiplas frentes
02/03/12 09:20No “Wall Street Journal”, o correspondente Jeffrey Lewis relata que “o governo brasileiro lutou a chamada guerra cambial em múltiplas frentes”, ontem, no esforço para “evitar que sua moeda se valorize demais contra o dólar”. Do ministro Guido Mantega:
Os bancos centrais dos EUA, União Europeia e Japão tomaram medidas para elevar a liquidez e esse dinheiro está buscando aplicações lucrativas ao redor do mundo.
No chinês “Global Times”, “Brasil critica a política de expansão monetária dos países desenvolvidos”. Sublinha, a exemplo do “WSJ”, a declaração da presidente Dilma Rousseff contra o “tsunami monetário” de EUA e Europa.
Já no britânico “Financial Times” a correspondente Samantha Pearson opina que foi o Brasil que “declarou guerra cambial contra os EUA e a Europa”.
Por outro lado, o “WSJ” destaca que a China vem “diversificando para longe do dólar“. Está “moderando seu apetite por títulos americanos, uma tendência que pode significar fluxo menor de capital e uma possível elevação nos custos de crédito na economia americana”. Pequim estaria “diversificando para outras moedas”.
O “China Daily” publica artigo de Jeffrey Sachs, da Universidade de Columbia, em Nova York, que cobra “Nova direção para o Banco Mundial”. Critica que “as autoridades americanas têm visto o banco como extensão da política externa e dos interesses comerciais dos EUA”, mas “agora muitos membros, inclusive Brasil, China, Índia e vários países africanos, levantam suas vozes em apoio a uma liderança mais colegiada e a uma estratégia que funcione para todos”.
Questiona como “muitos projetos têm servido aos interesses das corporações americanas” e “forçado conceitos absolutamente inadequados aos países pobres”, como a cobrança por serviços de saúde. Questiona como os 11 presidentes da instituição até hoje foram “banqueiros de Wall Street e políticos, sem experiência com desenvolvimento econômico”. Sachs é visto como um dos possíveis indicados dos EUA para o cargo, a partir de julho.
Por outro lado, em sua cúpula anual na Índia, no final do mês, os Brics vão discutir a criação de um banco de desenvolvimento próprio, possível alternativa ao Banco Mundial.
E o ministro indiano do Comércio diz ao “Economic Times” que chegou a hora de o país “avaliar seriamente” sua entrada no Banco Internamericano de Desenvolvimento, “baseado nos EUA”.