Inovação & soft power, as marcas de Dilma
29/02/12 11:06David Rothkopf, publisher da “Foreign Policy”, escreve sobre Dilma Rousseff e o chanceler Antonio Patriota, que “seguem nos passos, cada um, de um precessor formidável”, Lula e Celso Amorim. Diz que estão vencendo o “desafio” apostando em “soft power” e que:
O governo Rousseff também está rompendo com o passado. Voltou sua atenção para criar um caminho claro na direção do futuro do Brasil. Do foco em educação ao compromisso com ciência e tecnologia, através de programas inovadores como o Ciência Sem Fronteiras, faz algo que nenhum líder latino-americano fez antes, mas que foi uma fórmula provada na Ásia. Está comprometida a mudar o Brasil de uma economia baseada em recursos e portanto dependente (vulnerável) para uma que se apoie mais em indústrias com valor agregado, pesquisa e desenvolvimento, e na formação de cientistas e engenheiros.
Patriota diz que, sob Obama, os EUA buscam se adaptar à nova realidade multipolar, mas cobra mais. E Rothkopf reconhece as “inconsistências” de Obama, ao apoiar a Índia no Conselho de Segurança, mas não o Brasil, e ao resistir a dividir o comando do Banco Mundial.
O “Financial Times” publica hoje que, “apesar das declarações de China e Brasil de que é hora de quebrar o monopólio de Washington” no Banco Mundial, os EUA dizem agora que o cargo deve ir para um americano _o que é creditado ao “ano eleitoral”, para Obama “não parecer fraco internacionalmente” diante da oposição republicana.
Na mesma linha, o “FT” noticia que, “em revés para as relações militares entre as duas potências mais importantes do hemisfério ocidental”, a força aérea dos EUA “cancelou abruptamente” a compra de aviões do Brasil. A decisão “vem antes da visita planejada por Rousseff a Washington em abril” e agora “os diplomatas americanos se esforçarão para tranquilizar o governo brasileiro de que a decisão foi baseada em questões técnicas” _e não nas pressões da concorrente da Embraer, Hawker Beechcraft, “na qual o Goldman Sachs tem 49% das ações”.
De um analista da consultoria de estratégia Eurasia:
Não é boa notícia para a indústria brasileira de defesa e pode azedar as conversas entre Obama e Dilma. Esse contrato da Embraer poderia ter mudado a atitude de indiferença entre os dois lados, mas agora parece que vai voltar à estaca zero.
Por outro lado, no Brasil, informa o “Wall Street Journal”, um juiz federal negou a suspensão das operações da “gigante de petróleo dos EUA” Chevron no pré-sal, pedida por um procurador devido ao vazamento de novembro no campo de Frade.
E ao fundo o estatal “China Daily” publica que os exportadores chineses “são instados a buscar contratos em renminbi” ou yuan, a moeda do país. Importadores de EUA e Europa resistem, mas haveria “grandes oportunidades em emergentes como o Brasil”, embora seus importadores possam “não ter yuan suficiente para as transações”, hoje.
Na Bloomberg, “Proposta de Rousseff para limitar deficit da previdência no Brasil vence o primeiro teste”. O projeto, segundo a agência Moody’s, “pode contribuir para elevar a nota de crédito do país”. Segundo o banco de investimentos Espírito Santo, sua aprovação “vai impulsionar os esforços do Brasil para reduzir as taxas de juros, as maiores do G20”.
Sobre os caças é Rafale mesmo, os americanos não são confiáveis.
Já limitação do deficit da previdência prejudicará os servidores e esses contribuem muito para manter a economia aquecida.